9 de abr. de 2013

O Guardião

Estava no Pingo Doce de Santa Apolónia, por entre corredores estreitos e pessoas com urgência de partir tentava andar com cuidado para não causar nenhum acidente… ia batendo com a minha mala num Sr. de idade que apareceu de repente atrás de mim…parecia ter caído ali pois num segundo antes não estava lá…e como se movimentava com bengala duvido que tenha vindo a correr! Depois dei uma volta para me aproximar da caixa e eis que aparece novamente do meu lado direito mas desta vez com 6 litros de leite… Na altura que lhe ia dar lugar à minha frente ele finge que não me vê e volta-se para a outra caixa… depois voltou a olhar e agradeceu o meu gesto, mas sem nunca me olhar... Estava a pagar e diz à Sra. da caixa: já ando aqui há mais de 78 anos!...E ela faz um ar de surpreendida como se nunca o tivesse visto diz… pois temos de ir vivendo!...reparo então nas unhas dele, completamente pretas de óleo… Paga e vai se embora… mas não leva o leite… saio atrás dele para lhe entregar os pacotes de leite e quando lhe toco nas costas para o deter, ele agradece e faz aquela expressão…não foi para isso que eu lá fui... Mas continua o caminho, desta vez com os 6 litros de leite na mão… Personagem misteriosa… se fosse um filme, eu diria que era um daqueles espíritos, que vivem na estação que vêm os comboios chegar e partir, atrasam-nos quando querem que alguém se encontre, cruzam-nos para haver desencontros… como se através do conhecimento e compreensão dos comboios conseguissem potenciar uma série de conhecimentos ali à volta… um homem misterioso porque assim me “apeteceu” vê-lo, o guardião de Santa Apolónia.

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